Brasil deve ampliar exportações de carne para a China em meio à crise comercial com os EUA, apontam especialistas
Com o esfriamento nas relações comerciais entre Estados Unidos e China, o Brasil surge como principal beneficiado e deve fortalecer ainda mais suas exportações de carne ao mercado asiático, segundo especialistas em economia.
No início de março, o presidente americano Donald Trump anunciou novas tarifas sobre produtos importados de 180 países, provocando tensões globais. Como resposta, a China cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA e suspendeu a habilitação de 390 frigoríficos americanos, dificultando o comércio de carne bovina entre os dois países.
De acordo com a doutora Priscila Caneparo, especialista em direito econômico, cerca de 60% das empresas dos Estados Unidos aptas a exportar para a China foram impactadas, representando perdas de aproximadamente US$ 5,4 bilhões em carne bovina e suína.
Diante desse cenário, economistas afirmam que o Brasil, já líder nas exportações de carne bovina, está estrategicamente posicionado para ampliar sua participação no mercado chinês. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), entre janeiro e março de 2025, o Brasil exportou US$ 1,36 bilhão em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada para a China.
🔎 Atualmente, o país conta com 65 plantas frigoríficas habilitadas para exportar ao mercado chinês. Em 2024, as exportações brasileiras para a China renderam US$ 6 bilhões, totalizando 1,33 milhão de toneladas de carne bovina enviadas.
Segundo Lucas Leite, doutor em relações internacionais, a atitude chinesa de não renovar licenças americanas representa uma oportunidade única para o Brasil consolidar ainda mais sua posição no comércio global de carnes.
Outro fator que favorece o Brasil, conforme o economista Felippe Serigati, é o impacto da queda no rebanho bovino americano, o menor dos últimos 70 anos, que limita a capacidade dos EUA de atender à demanda chinesa.
Brasil supera concorrentes latino-americanos no mercado chinês
Além disso, o Brasil se mantém à frente de concorrentes como a Argentina, que recentemente retomou suas exportações de carne após anos de restrições internas.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, destaca que o diálogo contínuo entre Brasil e China é essencial para a habilitação de novas plantas frigoríficas e o fortalecimento das relações comerciais.
O governo brasileiro também aguarda, para maio, o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país livre de febre aftosa sem vacinação, o que deve impulsionar ainda mais a confiança internacional no setor de carnes.
Exportação de carne não deve impactar preços no Brasil
Apesar do crescimento nas exportações, o Ministério da Agricultura afirma que o mercado interno não deverá ser afetado. Segundo Luis Rua, secretário de Relações Internacionais do ministério, a preferência dos chineses é pela compra de miúdos do boi, como tripas, enquanto o consumidor brasileiro consome mais a parte dianteira do animal.
Assim, a expansão das exportações deve fortalecer o agronegócio brasileiro sem provocar aumentos significativos no preço da carne no mercado nacional.
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